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O foco da Esquematopédia é apontar os indícios de uma espécie de “arqueologia filosófica do esquema”, naquela que hoje se impõe como filosofia da informação. Imediatamente, coloca-se aqui a crítica à tradicional linhagem desta filosofia, radical no sentido de uma tecnocracia digital ou do cognitivismo “original”, em parte considerável de sua argumentação.

A reflexão é parte de duas direções complementares dos projetos correntes: a) uma abordagem da-para linguagem como pressuposto para a reflexão filosófica dos estudos informacionais; b) uma espécie daquilo que estamos tratando por “geografia conceitual”, ou seja, estudo das relações entre os intersujeitos e a fisicalidade de continentes e conteúdos documentais, bem como a dinâmica interna-externa de formações e movimentações de conceitos nos “solos” da produção do conhecimento de cada “comunidade intercognoscente” – em nosso caso, a epistemologia da Ciência da Informação (CI) e sua comunidade. Um eixo central coexiste entre estas duas direções: uma “epistemologia histórica” confere à abordagem da linguagem e à “geoconceitualidade” sua condição sociocultural aberta.

O método é resultado dos processos de apropriação da metodologia filosófica do pensamento wittgensteiniano (WITTGENSTEIN, 1979, 1992a,b). Em outras palavras, trata-se de pensar a construção das “linguagens primitivas” dos domínios científicos ou apenas das comunidades de saberes e suas línguas de especialidade. Em um primeiro momento, a linguagem é tomada como modo de produção e expressão das “familiaridades” de cada grupo de indivíduos intercognoscentes, seja este grupo acadêmico ou não. Em um segundo momento, trata-se de daquilo que procuraremos determinar como uma espécie “geografia conceitual”: arte bibliográfica de compreender as movimentações conceituais de um domínio epistemológico, suas “esferas” (posições hierárquicas no tempo e no espaço), suas “dinâmicas” (deslocamentos e estagnações) e seus “sismos” (propagações desde seu hipocentro até seus epicentros). As “esferas” são as “zonas” onde se avolumam e de onde se dispersam os fragmentos conceituais, aqui ou ali apropriados e elaborados como conceitos. Podem ser interpretadas a partir da posição de conceitos em livros, periódicos científicos, cartas e demais “registros” dos saberes de cada comunidade.

Os “sismos” respondem pelas “vibrações bruscas e passageiras” que demandam a análise dos hipo e epicentros. Os hipocentros, ou foco sísmico, ou regiões abissais interiores de onde se iniciam as rupturas de liberação de “energia”, representam os registros e-ou conceitos que inauguram o princípio de mutações epistêmicas no campo. Por sua vez, os epicentros, ou pontos na superfície terrestre que receberam e “dispensaram” as energias, representam os locus de dissipação e reprodução das elaborações conceituais tecidas internamente.

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